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O Círio Pascal

   Retomamos os assuntos sobre sinais e símbolos na liturgia. Um dos símbolos mais significativos, que recebe destaque especial no tempo de Páscoa, é o Círio pascal. Círio, quer dizer, que é feito de cera. Na Vigília pascal, iniciando a noite da grande vigília, depois de ter abençoado o novo fogo, acende-se o Círio. É o símbolo de Cristo-luz-do-mundo. Nele, são incisos uma cruz, o ano corrente, o alfa e o ômega (primeira e última letra do alfabeto grego) para indicar que o Ressuscitado é o Senhor do tempo e que a Páscoa ilumina todo evento da história. Apocalipse (1,4) define o Cristo como Aquele-que-é, Aquele-que-era e Aquele-que-vem. As cinco ‘pinhas’ de incenso, cravadas no Círio, recordam os aromas que as mulheres queriam usar para perfumar o corpo do Senhor morto.
       Carregando o Círio aceso, quem preside (ou o diácono) entra na Igreja e, por três vezes, repete: Eis a luz de Cristo. Todos respondem: Graças a Deus, enquanto progressivamente se acendem as velas das pessoas que participam da celebração. O Círio é colocado em realce, junto ao ambão, e se proclama o Precônio pascal, antigo e bonito canto em louvor ao Círio com todo seu simbolismo.
A cera e a luz pretendem representar a carne e o Espírito do Senhor. A procissão recorda a caminhada do povo hebreu que, no deserto, era acompanhado por uma coluna de fogo. Também nós, povo de Deus que caminha na história, temos uma luz que esclarece nosso andar: Cristo luz do mundo, que nunca se apaga.
       Também o simbolismo da cera é muito expressivo. Canta o precônio pascal: “Na graça desta noite o vosso povo acende um sacrifício de louvor: acolhei, ó Pai santo, o fogo novo: não perde ao dividir-se o seu fulgor. Cera virgem de abelha generosa ao Cristo ressurgindo trouxe a luz: eis de novo a coluna luminosa que o vosso povo para o céu conduz”.
As leituras bíblicas da noite de Páscoa contam a história da salvação, história do grande amor de Deus que encontra, na pessoa e na obra de Jesus, o seu ponto mais luminoso. O rito do Círio pascal o diz com a luminosidade de sua chama resplandecente na noite.
       O Círio permanecerá, junto ao ambão, e será aceso a cada celebração, ao longo das sete semanas do tempo pascal, até o Pentecostes. Depois, vai ficar junto ao batistério (pia batismal). Será usado na celebração do batismo e nos ritos fúnebres. O início e o fim da vida humana são os momentos que Cristo-luz ilumina com sua presença infundindo luz e esperança nos que nele creem. O cristão é chamado a caminhar deixando-se iluminar por Cristo e refletindo a sua luz, até o dia em que entrará na plenitude da luz de Jesus ressuscitado, o vencedor de todas as mortes.
 
Dom Armando