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CANTO E MÚSICA NA LITURGIA – IV

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Em minhas últimas conversas, estou tratando do tema Canto e música na liturgia. Os que participam da S. Missa e dos demais momentos de oração da Igreja, bem conhecem como é importante o canto e a música nas celebrações. Infelizmente, tantas vezes, essa dimensão da celebração, é deixada ao gosto, à fantasia ou à ‘ignorância’ litúrgica dos que assumem esse serviço eclesial, para o qual é preciso conhecer o sentido litúrgico de cada tempo e momento e as orientações de nossa Igreja.

Continuando nossa reflexão, vamos compreender, um pouco mais, o sentido do canto nos vários momentos de uma celebração.

Canto de entrada (cf. IGMR 47s). “A função ministerial do canto é de abertura e tem como finalidade principal construir e congregar a assembleia”.

Este canto deve estar integrado ao momento ritual (dos ritos iniciais), em consonância com o tempo do Ano litúrgico, com o tipo de celebração, com as características da assembleia. Sua finalidade é a de reunir os irmãos e as irmãs no mesmo sentir e prepará-los para escutarem a Palavra e participarem da mesa eucarística. A letra deve ser um convite à celebração. A música deve ter um ritmo alegre. Uso do corpo: procissão com ritmo de dança (CNBB, doc. 43, n. 241). Uso dos símbolos: incenso, missal, vela, cruz, Evangeliário etc.

Ato penitencial. É um canto de cunho introspectivo. Não deve ter um tom de piedade e nem deve ser cantado arrastado, mas expressar confiança no perdão de Deus. É uma aclamação e invocação da misericórdia do Senhor.

É uma aclamação suplicante a Cristo Senhor e não uma forma de invocação trinitária (como foi equivocamente interpretado) e deve ser executado por toda a assembleia. A letra deve conter o pedido de perdão, não precisa ser a fórmula tradicional. Já a música deve ter uma melodia mais lenta. Não precisa usar todos os instrumentos, porém deve respeitar o jeito local. Uso dos símbolos e do corpo: inclinar-se, ajoelhar-se, erguer as mãos em súplica, bater a mão no peito, fechar os olhos, usar incenso, sinal de purificação, lavar as mãos etc. (cf. CNBB 43, n.252; IGMR 52).

Glória. Na IGMR (n. 53) lemos que o Glória é “um hino antiquíssimo e venerável, pelo qual a Igreja, congregada no Espírito Santo, glorifica e suplica a Deus Pai e ao Cordeiro. O texto deste hino não pode ser substi­tuído por outro”.

O Glória é um hino doxológico (de louvor / glorificação) que canta a glória do Pai que nos mandou o Cordeiro, o Filho, e Ele se mantém no centro do louvor, da aclamação e da súplica. O Glória termina com o final majestoso, incluindo o Espírito Santo, mas esta inclusão não constitui, em primeira instância, um louvor explícito à terceira pessoa da SS. Trindade. O Espírito Santo aparece relacionado com o Filho, pois é n’Ele que se concentram os louvores e as súplicas. Em outras palavras, o Cristo se mantém no centro de todo o hino. Então, podemos dizer: o Glória é muito mais do que simples aclamações ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. É um louvor, é uma aclamação, uma súplica. Historicamente, era entoado durante o ofício da manhã; no séc. IV, era entoado somente pelo bispo na liturgia do Natal; no final do séc. XI, começou ser usado em todas as festas e domingos, exceto na Quaresma.

Possivelmente, seja sempre cantado para expressar alegria. Não é um canto exclusivo de um grupinho, mas é de toda a Assembleia. Pode ser cantado agitando os braços ou algum objeto nas mãos, sempre em tom festivo.

 

Dom Armando