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GRAÇA E ARTE DE PRESIDIR – IV

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O sacerdote – Presidente, com seu estilo, será exemplo e se tornará formador dos outros ‘atores’ da celebração e da Assembleia toda. São Paulo exorta: Quem preside o faça com diligência (Rm 12,8), isto é, com senso de responsabilidade, ciente da delicadeza e importância de seu papel. Quem preside está sendo constante­mente ‘filmado’ nos diferentes detalhes de seu comportamento. A Igreja recomenda presidir com dignidade e humildade (Instrução Geral do Missal Romano: IGMR 93). A digni­dade está no fato de que quem preside o faz in persona Christi. Sendo a ação eclesial mais importante e mais alta (SC 10), a liturgia exige uma atitude serena (não austera e fria), gestos e vestes adequados etc. Também a respeito das vestes se poderia discutir, por exemplo, no uso das cores com seu simbolismo próprio[1].

Nas celebrações litúrgicas – como em outras circunstâncias da vida – o que faz a diferença são as nuances. Não é necessário ser ‘de­talhista’, mas é preciso caprichar para que a celebração aconteça da forma mais viva, e em sintonia com a Igreja da qual quem está ‘à frente’ é servidores, e instrumento nas mãos do Senhor: Ele só deve aparecer! Portanto, não condiz com a liturgia o ‘estilo show’ que chama demais a atenção sobre a pessoa (ator!) e deixa espaço li­mitado a Jesus e ao Espírito. A humildade no presidir é fruto da convicção de quem se reconhece irmão entre irmãos, discípulo da Palavra, que também escuta e procura partilhar, com [G1] gratidão, o que de graça recebeu.

Destacamos a atitude de quem exerce o ministério da presidência: ser instrumento e não protagonista (= ‘primeiro ator’). Por isso, ele deve esqui­var-se de chamar a atenção sobre si, para não se tornar empecilho ao encontro com o Senhor. As pessoas que prestam serviço na celebração são chama­das de ministros, isto é, servidores do Senhor e da Assembleia. Então, em seus gestos e palavras deve transparecer a presença do Ressuscitado.

Presidir com dignidade e humildade comporta, também, celebrar com calma (sem pressa), com serenidade (sem nervosismo) e com alegria, porque o serviço litúrgico é um dom divino pelo qual de­vemos sinceramente agradecer: Te agradecemos porque nos tornaste dig­nos de estar aqui na tua presença (Prece Eucarística II). Cientes que na liturgia temos nas mãos “aquele imenso tesouro de alegria e de beleza que é a Igreja” (Paul Claudel) e somos chamados a irradiar a alegria de anunciar a morte de Jesus e celebrar sua ressurreição, até que Ele venha.

  1. Quando exercer o ministério da presidência

O sacerdote preside, antes de tudo, na vida da Comunidade e no empenho pastoral. A presidência se exercita de maneira mais explícita, na preparação da celebração. A IGMR, 111 diz: “A prepara­ção prática de cada celebração litúrgica, com espírito dócil e diligente, de acordo com o Missal e outros livros litúrgicos, seja feita de comum acordo por todos aqueles a quem diz respeito, seja quanto aos ritos, seja quanto ao aspecto pastoral e musical, sob direção do reitor da igreja e ouvidos tam­bém os fiéis naquilo que diretamente lhes concerne. ‘Contudo, ao sacer­dote que preside a celebração fica sempre o direito de dispor sobre aqueles elementos que lhe competem’ (SC 22) ”.

Uma celebração nunca pode ser improvisada! Exige-se sempre preparação, definição de papeis, respeito do ritmo celebrativo, com momentos fortes e pausas, canto e silêncio, animação festiva e tempos contemplativos. Tudo para viver o encontro com o Ressuscitado. Uma palavra em destaque nesse exercício da presidência: tudo seja autên­tico!

Por isso, é preciso predispor: o ambiente, que seja limpo e acolhedor, simples, mas bem ordenado, e fale por si; as pessoas, cada uma com papel definido e lugar onde ficar; os objetos a serem usados, definindo onde devem ser colocados; os textos bíblicos, os livros na página certa, e assim por diante.

avaliação da celebração, feita com humildade e sinceridade, permite corrigir erros e melhorar. Trata-se não de ‘eficientismo’ litúrgico ou religioso, mas da glória de Deus e da santificação dos humanos (cf. SC 7).

Dom Armando

[1] No respeito pelos gostos e sentido semântico de cada cultura, perguntemo-nos: pode cada qual agir segundo seu gosto? Será que estamos respeitando as pessoas? Qual o sentido das vestes usadas para presidir uma celebração?