Estou apresentando o Ano Litúrgico, isto é, refletindo a respeito de como nós cristãos da Igreja católica celebramos o Mistério de Cristo, sua presença em nossa história, no decorrer do tempo.
Desde o início de sua caminhada, a Igreja celebra a memória viva do sacrifício do Senhor, de modo especial com a celebração da divina Eucaristia e a oração que, seguindo o costume hebraico, visa santificar o tempo; oração que chamamos de liturgia das horas.
O Ano litúrgico é celebrado com diferentes ritmos: o ritmo diário: Cada dia é santificado pelas celebrações litúrgicas do povo de Deus, principalmente pelo Sacrifício eucarístico e pelo Ofício divino. O dia litúrgico começa à meia-noite e se estende até à meia noite seguinte. Mas a celebração do domingo já começa na tarde do dia anterior: assim se lê nas Normas Universais sobre Ano Litúrgico e o Calendário (NUALC 3: 1969).
Tem o ritmo semanal: No primeiro dia de cada semana, chamado Dia do Senhor ou Domingo, a Igreja, segundo uma tradição apostólica que tem suas origens no próprio dia da ressurreição de Cristo, celebra o Mistério pascal (NUALC 3).
A semana já é conhecida no mundo bíblico (vejam o relato da criação) e se afirma com a instituição do sabat ou dia de descanso absoluto (cf. Ex 20,10s), mas é conhecida também no mundo greco-romano, relacionada com os sete astros conhecidos até o III séc. a. C.: Saturno, Sol, Lua, Marte, Mercúrio, Júpiter e Vênus. No cristianismo acontece uma combinação das duas maneiras de viver a semana: a planetária e a judaica, começando a semana com o domingo, “festa primordial”, primeiro dia da semana (cf. At 20,7-12), dies dominica (cf. Ap 1,10), denominando os outros dias como os judeus: segundo dia, terceiro dia
A semana cristã sempre foi construída em torno do domingo; aos poucos receberam relevo especial as férias IV e VI que se tornarão dias litúrgicos – com a celebração da eucaristia – a partir do V séc. No VI século a eucaristia é celebrada a todo dia durante a Quaresma; somente a partir da Idade Média a Eucaristia é celebrada diariamente o ano todo.
Temos, enfim o ritmo anual. Os dois pólos ao redor dos quais se forma o Ano Litúrgico são a Páscoa e o Natal. Estes, com o Tempo Comum ou durante o ano, formam o Próprio do Tempo. Acrescenta-se o Santoral, isto é, as memórias e festas de Maria, Mãe do Senhor e dos Santos, em dias fixos.
Na história destaque especial teve a celebração das Quatro Têmporas ou dias de penitência prescritos para o começo das quatro estações do ano, provavelmente relacionadas com as festas rituais pagãs da ceifa, da vindima e da semeadura.
Com estas anotações gerais agora podemos compreender e viver melhor o Domingo e o Ano Litúrgico em geral e ver como torná-lo mais eficaz na vida pastoral.
Dom Armando