Continuando o assunto: “Canto e música na Liturgia”, quero oferecer alguns critérios na escolha dos cantos para as diversas celebrações. Observemos, antes de tudo, que na Liturgia temos dois tipos de cantos:
– Cantos que acompanham a ação: entrada, aclamação ao Evangelho, apresentação das oferendas, o Cordeiro de Deus e a procissão da Comunhão;
– Cantos que já são ação: o Ato penitencial, o Glória, o Salmo responsorial, o Amém no final da Oração eucarística (doxologia), e o pós-Comunhão.
Não qualquer canto é adapto para as celebrações. Existem cantos litúrgicos para missas, outros, para sacramentos, e cantos – mensagens para outras ocasiões, ex. encontros de oração, procissões, pios exercícios etc.
Os cantos são litúrgicos se eles expressam os mistérios de Cristo ou se ajudam a viver o Mistério pascal de Cristo.
Os símbolos e ritos na Liturgia devem constituir comunhão com o mistério ou serem vivências do mistério celebrado. Devemos cantar a Liturgia e não simplesmente cantar na Liturgia. Na missa, toda a assembleia é chamada a cantar os textos ‘litúrgicos’ e não outros que nada têm a ver com a celebração do Mistério Pascal de Cristo pela Igreja.
Retomemos mais um pensamento de SC (n. 112): “O canto sagrado, unido às palavras, constitui uma parte necessária ou integral da Liturgia solene”, e o documento conciliar acrescenta dois princípios:
- a) “A música sacra será tanto mais santa quanto mais intimamente estiver unida à ação litúrgica”. A música sacra não é, pois, um estilo “por si mesmo”; não será mais sacra por se assemelhar a este ou àquele estilo, por mais sublime que esse seja; a santidade é dada por seu serviço e sua integração à ação santa, e, em consequência,
- b) “a Igreja aprova e admite no culto divino todas as formas de arte autêntica que estejam ornadas das devidas qualidades”. Pouco mais adiante (SC 116), especifica: “Contanto que correspondam ao espírito da ação litúrgica, de acordo com o art. 30; isto é, contanto que promovam a participação ativa“.
Então, como escolher os cantos nas celebrações?
Celebrações do Ano Litúrgico que comemoram um determinado Mistério de Cristo: devem-se distinguir por três elementos: a letra, a melodia e o Mistério celebrado. Ex.: os cantos de Advento não têm as mesmas ‘cores’ dos de Quaresma ou do Tempo pascal!
A Páscoa semanal (aos domingos) e as Festas dos santos, que prolongam o mesmo Mistério de Cristo: aos domingos, o canto deve expressar a Páscoa de Jesus Cristo e dos cristãos, em Cristo. O que ilustra o caráter pascal de cada domingo é a Liturgia da Palavra, principalmente o Evangelho.
Nas festas dos Santos, a Igreja celebra o Mistério pascal prolongado no tempo da Igreja. O canto deve expressar a vida deles ligada à vida de Cristo.
Celebrações de diversas circunstâncias, como celebrações de sacramentos, comemorações de datas importantes e vivências de acontecimentos que marcam a vida de uma comunidade: os cantos serão ligados ao ‘sinal da fé’ celebrado, à luz do Senhor ressuscitado.
Dom Armando