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UMA PAUSA RESTAURADORA, UM JUSTO AGRADECIMENTO

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Nesse momento, o estilo como Dom Armando vive seu ministério só pode suscitar em nós um desejo: agradecer.

Nascido a 03 de julho de 1946, em Villanova de Mota de Livenza (Província de Treviso – Itália), de Filho de Antônio Bucciol e de Antônia Roselen, o jovem Armando Bucciol foi ordenado sacerdote aos 12 de setembro de 1971, como incardinado na italiana Diocese de Vitorio Veneto. Depois da ordenação, cursou Teologia pastoral e especializou-se como professor de Ensino religioso em Pordenone (1973-1975). De 1977 a 1979 estudou Liturgia pastoral, no Mosteiro Beneditino Santa Justina, em Pádua. Fez o curso de Doutorado na faculdade de Santo Anselmo, em Roma (1979-1980), e, em Pádua, concluiu (1982) com a licenciatura (1993) Doutorado em sagrada Teologia, com especialização em Liturgia pastoral. Participou do curso de preparação para missionários no CUM, em Verona (Itália), e de inculturação no CENFI, em Brasília. 

Ele tem uma longa lista de serviços prestados à Igreja, como ministro ordenado:  Coadjutor na paróquia de Serravalle, em Vittorio Veneto (1971 a 1978); professor de Ensino religioso por 16 anos; por 11 anos, além dos serviços pastorais nas paróquias de Farra de Soligo (1978-1980), Barbisano e Soligo (1980-1991), trabalhou junto a pessoas com problemas especiais (alcoólatras, drogados, excepcionais físicos, doentes mentais), na Caritas diocesana, na formação de lideranças e na Pastoral da Juventude. Em 1991, veio para o Brasil como fidei donum, atuando na Diocese de Caetité: reitor do Seminário São José (1991-2001), vigário das paróquias de Candiba (1991-2004), Riacho de Santana e Matinha (1998-1999), Lícinio de Almeida (2002-2004); coordenador de Pastoral (1995-2004); Professor na Escola de Teologia para Leigos. Ordenado Bispo no dia 17 de Abril de 2004, tomou posse na Diocese de Livramento de Nossa Senhora, no mesmo ano. Tem como lema de sagração: Charitas Christi urget nos! (O amor de Cristo nos impulsiona!). Com sua escolha ao episcopado, trouxe para nossa Diocese de Livramento, não apenas seus ideais de discípulo do Vaticano II, mas também a longa experiência como padre, desdobrada na Itália e nas terras sertanejas de Caetité.

Como bispo, nunca gostou do trabalho burocrático que o ministério episcopal exige, embora o tenha realizado sempre na melhor forma do Direito. Ao logo dos anos Dom Armando tem preferido estar com o povo, em qualquer lugar, desde sua casa, passando pela catedral, até a comunidade mais longínqua de sua Diocese, transitando por todos os tipos de estrada, em muitas delas se dando mal, porque as procurou como atalho para chegar de modo mais rápido ao povo. Por conta disso, chegou a dormir uma noite, com o carro quebrado, no gelado gerais de Ibicoara, tendo por agasalho a protegê-lo apenas os paramentos que levava; também transitou por estradas onde “só passa carro de boi e o Bispo de Livramento”. Andou a pé por mais de vinte quilômetros serra acima, numa madrugada, subindo das comunidades rurais a Rio de Contas, porque o carro mais uma vez o deixou na mão. Nunca quis que fossem instalados equipamentos de segurança na “casa do Bispo”, e ao ser advertido por um dos seus colaboradores acerca do perigo em manter o portão sempre aberto, ele simplesmente respondeu que era para os ladrões não terem o trabalho de arrombar a fechadura, calando a boca do que o importunara. Atende que chega primeiro, todos têm espaço e assento na casa do Bispo, cuja capela parece extensão das matrizes paroquiais, porque lá acorrem os de todos os cantos para serem sacramentalmente atendidos, na certeza que o serão da melhor forma. A juventude o encanta e o contamina terrivelmente com sua energia e otimismo. Generoso na consideração acerca dos a ele se somam no serviço eclesial, é capaz de detectar sabedoria nas palavras saídas dos lábios mais simples e levantar a destemida voz como antídoto aos venenos e à arrogância das más línguas; apraz-lhe chamar de bonito o feio, que somente o amor faz ser contemplado como tal, nos ensinado que o amor deve ditar as regras do relacionamento, fazendo-nos valer o ditado “para quem ama o feio, bonito lhe parece”.

 Como se nossa Diocese fosse pequena, Dom Armando, como intelectual que é, anda pelas dioceses dos outros, transita pela Conferência dos bispos e fora dela, para dar os seu contributo teórico, fruto do aprendido nos inúmeros livros, igualmente fruto do vivido e diuturnamente experimentado no meio século que se foi. Por causa ele, a Diocese de Livramento de Nossa Senhora é conhecida em muitos lugares e por muitas pessoas, que o apresentam nos eventos como o “Bispo de Livramento de Nossa Senhora”; por conta de Dom Armando, somos a Diocese que produz seus próprios subsídios pastorais, tem todos os institutos de comunhão e participação exigidos pelo Direito e até os que ele achou conveniente criar, para fomentar e valorizar a vocação dos leigos na vida eclesial.

 É assim, sempre na posição de servo, um “Bispo presente”, tantas vezes se deixando confundir com um vigário cooperador nos afazeres, que Dom Armando chega aos cinquenta anos de ministério presbiteral: santificando, ensinando e pastoreando, ele conhece nossa Diocese como se ela fosse uma pequena aldeia e ele o respectivo vigário; sabe os nomes de muitos leigos e leigas, de quem conhece as potencialidades pastorais e administrativas, mas também suas fadigas, dores, alegrias e esperanças, porque acima do poder que detém, ele entende sua vida como serviço e incorpora em si o pastor que tem o cheio das ovelhas; ovelhas que ele visita, acolhe, abraça, aconselha, inclui, perdoa e encoraja, nunca fugindo quando o lobo aparece. É “Bispo” porque olha por cima não para vigiar ou comandar, mas para perceber com maior precisão onde sua presença é mais necessária; é “presente”, porque vai, porque fica, porque revisita, porque nos foi dado por Nossa Senhora do Livramento, a mãe que nos ama em nosso Bispo.

Como não celebrar tudo isso? Celebramos com senso do dever e em grande estilo. A catedral diocesana foi o lugar da grande solenidade, na ensolarada manhã de 12 de setembro. Vieram pessoas de todas as paróquias, inúmeros leigos e leigas; o clero na sua totalidade acorreu à sede diocesana; seminaristas vieram ajudar e celebrar; os vizinhos bispos de Caetité (Dom José Roberto Silva Carvalho) e de Bom Jesus da Lapa (Dom João Santos Cardoso), também o nosso metropolita (Dom Josafá Menezes da Silva), com representações do respectivo clero, estiveram presentes, cada um dando suas felicitações ao final da celebração, presidida pelo jubilando. O recém-empossado Bispo de Jequié (Dom Paulo Romeu Bastos) veio dois dias antes para um almoço, porque já tinha agendado compromisso para o dia 12. Também autoridades civis e outras tantas representações da sociedade organizada compareceram. Foi uma grande festa: Pelas dez horas, os sinos foram repicados sem dó e aquela imensa procissão rumou catedral adentro ao som dos mais perfeitos acordes e belíssimo canto entoado pelo coro da catedral regido pelo padre Júlio César Meira. E na casa da Augusta Senhora, a Mãe do Livramento, uma liturgia com nobre simplicidade disse a Deus, no mais alto significado da justiça: muito obrigado, Senhor!

Para constar e para a perpétua memória, aos 15 de setembro de 2021, fiz o presente assentamento, que assino. Eu, o Chanceler do Bispado,

 

 

 

Padre Rinaldo Silva Pereira

– Chanceler do Bispado –